quinta-feira, 4 de novembro de 2010

No dia em que escrevo versos

no dia em que escrevo versos
as nuvens se me desprendem
não chove senão do avesso

no dia em que escrevo versos
levo os olhos à vista
os pés em cevada imersos

no dia em que escrevo versos
trago nas mãos gasta rosa
na pulsação, mil invernos

(é minha idéia escura
que me impede a cura)

no dia em que escrevo esses versos
escrevo sem dar por mim
dar por eles

escrevo sem desejar vê-los lidos
trago na idéia sintaxe de exílios
à alma, uns orvalhos inversos.

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