no dia em que escrevo versos
as nuvens se me desprendem
não chove senão do avesso
no dia em que escrevo versos
levo os olhos à vista
os pés em cevada imersos
no dia em que escrevo versos
trago nas mãos gasta rosa
na pulsação, mil invernos
(é minha idéia escura
que me impede a cura)
no dia em que escrevo esses versos
escrevo sem dar por mim
dar por eles
escrevo sem desejar vê-los lidos
trago na idéia sintaxe de exílios
à alma, uns orvalhos inversos.
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